O governo do Rio Grande do Sul suspendeu neste sábado
(13) o uso em água para consumo humano do larvicida Pyriproxyfen,
utilizado para deter o desenvolvimento da larva do mosquito Aedes aegypti,
transmissor do vírus
zika. O produto é fabricado pela Sumitomo Chemical.
A decisão foi tomada
após uma hipótese levantada por pequisadores argentinos
da Physicians in the Crop-Sprayed Towns (PCST) que suspeitam que a
substância pode potencializar a má-formação cerebral causada pelo zika
vírus.
O larvicida, enviado
pelo Ministério da Saúde, era utilizado em pequena escala no Rio Grande do Sul,
apenas em casos específicos, quando não é possível evitar o acúmulo de água nem
remover os recipientes, como chafarizes e vasos de cimento em cemitérios. No
Brasil, o larvicida passou a ser utilizado em 2014 em regiões com pouco
saneamento, onde há necessidade de armazenamento de água e os depósitos não
podem ser protegidos fisicamente.
"Decidimos
suspender o uso do produto em água para consumo humano até que se tenha uma
posição do Ministério da Saúde e, por isso, reforçamos ainda mais o apelo à
população para que elimine qualquer possível foco do mosquito", explicou o secretário estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis.
Segundo os dados da Vigilância Ambiental, 75% dos focos estão localizados em
residências ou ambientes domésticos.
A publicação lembra o
caso da Colômbia, onde mais de 5 mil mulheres grávidas foram infectadas
pelo vírus da zika, segundo dados divulgados neste sábado pelo Instituto
Nacional de Saúde, e não
há registro de microcefalia no país. Uma reprodução do relatório foi divulgada pela Rede Universitária de Ambiente e Saúde (REDUAS) – uma
organização argentina que reúne estudiosos que avaliam o impacto degradação
ambiental e da produção em grande escala na saúde humana –, no dia 9 de
fevereiro.
O texto em questão
afirma que a má-formação cerebral detectada em bebês de grávidas que vivem em
áreas onde passou a ser utilizado o Pyriproxyfen na água potável "não é
uma coincidência". O relatório cita a Monsanto duas vezes, afirmando
que a Sumitomo Chemical é uma subsidiária japonesa da empresa. Por meio de
assessoria, a Monsanto informa que "não tem qualquer relação com a
Sumitomo Chemical" e que essa informação não procede.
Posição do Ministério
da Saúde
Em nota, o Ministério da Saúde afirma que "não existe nenhum estudo epidemiológico que comprove a associação do uso de pyriproxifen e a microcefalia" e que utiliza somente larvicidas recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Além de passar por "rigoroso processo de avaliação da World Health Organization Pesticed Evaluation Scheme (WHOPES), o pyriproxifen possui certificação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)", informa.
"Ao contrário da
relação entre o vírus zika e a microcefalia, que já teve sua confirmação
atestada em exames que apontaram a presença do vírus em amostras de sangue,
tecidos e no líquido amniótico, a associação entre o uso de pyriproxifen e a
microcefalia não possui nenhum embasamento cientifico." O ministério ainda
ressalta que "localidades que não utilizam o pyriproxifen também tiveram
casos de microcefalia notificados", acrescentando que a Secretaria de
Estado gaúcha tem autonomia para desenvolver suas estratégias alternativas.
Posição da Sumitomo
Chemical, fabricante
Em nota, a fabricante do produto, Sumitomo Chemical, esclarece "que não há nenhuma base científica em tal afirmação" que relaciona o larvicida a casos de microcefalia. Ela reitera as informações do Ministério da Saúde, alegando que o "Pyriproxyfen é um produto aprovado pela Anvisa para uso em campanhas de saúde pública, como inseticida-larvicida, controlando vetores de doenças, dentre os quais mosquitos Aedes aegypti, Culex quinquefasciatus e mosca doméstica".
A empresa acrescenta
que o produto é registrado no país desde 2004 e que também é utilizado no
combate do Aedes aegypti em países como Turquia, Arábia Saudita, Dinamarca,
França, Grécia, Holanda, Espanha, República Dominicana e Colômbia.
"Segundo a OMS, em seu documento Pyriproxyfen in Drinking-water, publicado
em 2004 - também publicado pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados
Unidos (EPA) em 2001 -, o Pyriproxyfen não é mutagênico, não é genotóxico, não
é carcinogênico nem teratogênico. O produto foi submetido a rigorosos testes
toxicológicos que não demonstraram efeitos sobre a reprodução, sobre o sistema
nervoso central ou periférico", diz a nota.
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