A
vereadora Marília Arraes (PSB) apresentou duas matérias legislativas com a
intenção de retirar homenagens feitas a agentas da ditadura militar na esfera
municipal. Através de um decreto legislativo e de um projeto de lei, a
parlamentar deseja remover das ruas, logradouros e equipamentos públicos os nomes
de personagens que promoveram o regime de exceção no Brasil, como também cassar
títulos e comendas concedidas a essas figuras.
A
ação ganha repercussão na mesma época em que o golpe militar completa 51 anos.
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), também decidiu rebatizar todas
escolas estaduais que têm seus nomes em homenagens a militares e responsáveis
por crimes de tortura. Para o governador, as informações trazidas pelo
relatório final da Comissão Nacional da Verdade não permitem que o Estado
mantenha sua deferência a responsáveis por crimes contra a humanidade. O
relatório final apontou 377 agentes reponsáveis pela repressão, 434 mortos e
desaparecidos, 6.591 militares perseguidos e 536 sindicatos sobre intervenção.
O
projeto de lei 040/2015, já assinado por Marília Arraes, mudará o nome de ruas,
logradouros e prédios públicos, prevendo que a Comissão Estadual da Verdade
seja consultada para esclarecer a participação de militares e torturadores. A
consulta à comissão estará dispensada nos casos notórios. A menção a datas ou
fatos relacionados ao golpe de 1964 também poderá ser levada em consideração.
Segundo a parlamentar, a nova denominação prioriza “nomes que remetam a fatos
ou a pessoas relacionadas à luta pela liberdade, pela à democracia e pelos
direitos humanos”.
Nos
equipamentos modificados, haverá uma placa com a seguinte inscrição: “Esta rua
teve seu nome alterado em respeito a todos aqueles que lutaram contra a
repressão e porque a população do Recife não admite homenagens ao governo
golpista e ditatorial de 1964. Viva a democracia e a liberdade!”.
Já
a iniciativa que pretende retirar títulos, comendas, medalhas e outras
honrarias conferidas pela Câmara e pela Prefeitura foi Recife é um projeto de
decreto legislativo. Na próxima segunda-feira, a matéria deverá receber uma
numeração para seguir seu trâmite. Além de Médici e Costa e Silva, que
receberam a Medalha de Mérito Cidade do Recife, também perderão homenagens o
almirante Antônio Roque Dias Fernandes, então Comandante do 3º Distrito Naval,
e o coronel Ivan Rui de Oliveira – ambos tiveram participação na prisão e
deposição do governador Miguel Arraes, em 1º de abril de 1964.
“Trata-se
de fazer jus à história e à memória de tantos que tombaram na luta pela
democracia. E é também um alerta, uma vez que, nos últimos dias, temos visto
com preocupação os pedidos por uma intervenção militar no Brasil. Isso merece uma
reflexão séria: na Alemanha, quem clama pela volta do nazismo é punido”,
justifica a vereadora, que espera que os projetos sejam aprovados no plenário
ainda este mês.
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