A
alagoana Denifer Leite, 8 anos, foi diagnosticada com leucemia no final de
2014. Os médicos aconselharam a família da criança a procurar tratamento no Recife e, há dois meses, ela deixou a
cidade de Piranhas, às margens do Rio São Francisco, para se internar no
Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC). Confiante na recuperação da menina,
o maior receio da camareira Ligiane Leite era que a filha perdesse o ano letivo
por conta do tratamento. A boa notícia veio nesta segunda-feira (2), com a
oficialização de uma classe hospitalar na unidade, a primeira de Pernambuco.
Agora, a menina vai poder continuar estudando durante a internação e trilhando
a realização do sonho. “Quero ser delegada para fazer justiça”, afirmou a
garota, que adora as aulas de português e é fã da Branca de Neve.
A
instalação da classe hospitalar foi possível graças à iniciativa do Grupo de
Apoio às Crianças Carentes com Câncer (Gacc), que dá suporte às famílias dos
pacientes internados no Centro de Oncohematologia Pediátrica do HUOC. Foi o
Gacc quem articulou o projeto junto ao hospital, que disponibilizou o espaço
físico; ao Instituto Ronald McDonald, que repassou verba para a implantação da
estrutura; e à Prefeitura do Recife, que colabora com mão de obra e material
didático.
O
projeto começou de forma experimental em novembro do ano passado, no quinto
andar do hospital, onde se encontram alguns leitos de enfermarias para
internamento. A classe batizada de Semear começou, agora de forma oficial, a
atender 24 pacientes, com aulas de português, matemática, ciências, geografia,
história e artes. A turma engloba estudantes e conteúdos das mais diversas
séries. Em média, os alunos têm entre 4 e 15 anos. A frequência é controlada e
há provas. As escolas de origem recebem relatórios para acompanhar a evolução
dos meninos e meninas e os receber após a desejada alta hospitalar.
As
diretrizes para funcionamento das classes hospitalares foram divulgadas
pelo Ministério da Educação (MEC) em documento de dezembro de 2002. Atualmente,
há em torno de 150 delas em todo o Brasil, sendo 25 no Nordeste, segundo o
Gacc. Pernambuco agora comemora a sua primeira. “Em 19 de agosto de 2005, nós construímos
este prédio [no HUOC] para atender crianças com câncer, com dinheiro doado pela
sociedade. Depois de uma constante busca, conseguimos esta classe para dar um
atendimento mais humanizado aos nossos pacientes, que já sofrem grandes perdas.
A classe faz renascer a esperança da cura nas crianças, já estamos sentindo,
inclusive, uma maior adesão ao tratamento”, afirmou a presidente do Gacc, Vera
Morais.
A
aposta do Gacc agora é que crianças com câncer internadas em outras unidades de
saúde no estado possam ter acesso à educação, como no Hospital das Clínicas,
Barão de Lucena, Hospital do Câncer e Instituto Materno Infantil Professor
Fernando Figueira (Imip). “Não estava no nosso plano de governo a instalação de
classes hospitalares, mas, a partir deste exemplo, vamos procurar expandir esse
serviço, pois isso faz parte da nossa política de educação inclusiva. O
objetivo é evitar o atraso e abandono escolar devido às idas e vindas ao
tratamento”, assegurou o secretário municipal de Educação, Jorge Vieira.
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