Relator
Zveiter é advogado da TV Globo, que espera a queda do presidente; Rodrigo Maia
se aproxima da emissora e Governo pode ter República Carioca
A situação política
se complicou para o presidente Michel Temer desde a manhã desta quarta-feira (5)
em Brasília com a articulação sigilosa, entre gabinetes, envolvendo o DEM e o
PSDB para assumir o Palácio do Planalto. E Temer vai perdendo, gradativamente,
o apoio na base na Câmara ao passo que avança o acordão dos tucanos e
democratas. Com o PMDB rachado na Câmara, e DEM e PSDB com bancadas robustas, a
situação pode se reverter para Temer. Daí ele começar a chamar presidentes de
partidos para segurar o apoio no plenário, caso da reunião com Valdemar da
Costa Neto, dono do PR – também com robusta bancada.
O Palácio do Planalto
não viu com bons olhos a indicação do deputado Sérgio Zveiter como relator da
denúncia do Procurador Geral Rodrigo Janot contra Temer porque ele está
propenso a acolher a denúncia da PGR, e por dois motivos. Primeiro, porque Zveiter
representa uma ala do PMDB do Rio que nunca se deu com o grupo paulistano de
Temer dentro da legenda. Segundo, e o pior para o Palácio, o escritório
advocatício da família de Zveiter é, há mais de 20 anos, uma das principais
bancas de defesa da Rede Globo no País. Zveiter, aliás, é conhecido entre os
seus pares na Câmara como “o homem da Globo” na Câmara. Há meses, a emissora,
além do seu papel jornalístico, vem apostando na queda do presidente em
editoriais do grupo, escancarados ou não
Maia
deslumbrado
Não bastasse o
cenário supracitado, algo imprevisível aconteceu, embora não fosse descartado.
Motivados pela cúpula do PSDB, que almeja chegar ao Poder, expoentes do DEM
começaram a convencer o até agora fiel Rodrigo Maia, presidente da Câmara
Federal, a articular um ‘plano B’ para assumir a Presidência da República,
cargo que lhe cairá no colo por força constitucional caso Temer não resista.
Alguns episódios
apontam nesse cenário: Maia não arquivou a maioria dos pedidos de impeachment
contra Temer; e recentemente andou conversando bem com líderes de partidos da
oposição, como Orlando Silva (PCdoB-SP) e Carlos Zaratini (PT). Os dois partido
estariam dispostos a apoiar o democrata em prol da cabeça de Temer. O
presidente soube das conversas e não gostou. Maia teria explicado que, como
presidente da Casa, deve conversar com todos os líderes.
Homens da Globo
Maia também se
aproximou da TV Globo, e além dele, também o presidente da Comissão de
Constituição e Justiça da Câmara, Rodrigo Pacheco (MG), hoje no PMDB. Pacheco
tem falado grosso e pregado neutralidade porque está com um pé no PSDB de Minas
Gerais, a convite do senador Aécio Neves, para disputar o Governo do Estado.
Maia, Pacheco, Aécio, TV Globo: ‘a gente se vê’ por aí.
Nas hostes e cúpula
do PSDB, a ideia de Maia presidente ganhou força. O partido assume o Poder,
abocanha alguns ministérios importantes e Maia ‘segura o Brasil’ até a eleição
direta de 2018, e com o apoio da grande mídia.
Aécio x Dória e
Alckmin
Para Aécio – que está
praticamente morto na política, com desavenças internas no tucanato nunca
imagináveis – quanto mais a crise pesar sobre Michel Temer, melhor para o
senador. Assim, o senador (ainda sob risco de prisão no STF) desvia os
holofotes da má fama que ganhou para um novo Governo, e o PSDB ainda emplaca
com DEM uma coalizão para mandar no País com vistas a influenciar nas eleições
presidenciais do ano que vem. Maia como presidente poderá apoiar uma eventual
candidatura de Aécio – o mineiro ainda sonha com a disputa, a despeito de sua
situação suja com pau de galinheiro.
Não é apenas isso.
Uma vez no consórcio do Poder DEM-PSDB no eventual mandato tampão, o DEM
consegue trabalhar e potencializar várias candidaturas a governos de Estado,
com ou sem cabeça de chapa, e o partido para de definhar; Enquanto Aécio também
trabalhará as candidaturas estaduais, reforçará seu nome e poderá barrar a
ascensão do grupo paulistano no PSDB liderado por Geraldo Alckmin e Dória Jr,
respectivamente governador e prefeitos, e potenciais candidatos ao Palácio do
Planalto.
Moreira, esperança de
Temer
Durante esta
quarta-feira, a Coluna conversou com líderes e deputados de variados partidos,
que passaram o cenário descrito, algo cada vez mais latente além-portas dos
gabinetes da Câmara.
Michel Temer tem
poucos dias – ou horas – para segurar a base governista. Daí sua decisão de
cancelar a viagem oficial que faria à Colômbia nos próximos dias. Ele manteve a
ida à Cúpula do G20, mas com olhos e cabeça no Congresso Nacional. Temer
escalou os ministros palacianos Eliseu Padilha e Moreira Franco para trabalhar
a aliança da base a seu favor.
A esperança de Temer
está em Moreira Franco e na sua relação com Maia. Moreira é sogro do presidente
da Câmara e esse pode ser um trunfo de Temer no convencimento para que Maia não
ceda às benesses prometidas pelo grupo da articulação.
Fonte: Último
Segundo - iG
Nenhum comentário :
Postar um comentário