Uma “garota nacional” e uma caixa de cerveja era o “prêmio” a ser disputado por até 100 pessoas que desembolsassem R$ 100 na cartela de um bingo no município de Barbalha, na Região do Cariri. O cartaz de divulgação do evento passou a ser denunciado por grupos feministas nas redes sociais e se tornou caso de Polícia.
O sorteio seria realizado neste sábado (9), durante o evento Bingo Dançante, no bar Espaço Vip, antes chamado de “Chácara da Ana Cleide”. Na quinta-feira (7), a Polícia Civil de Barbalha interditou o bar e cancelou o evento. O inspetor Daniel Ribeiro, da Delegacia Municipal de Barbalha, conta que as denúncias chegaram à Polícia após compartilhamentos nas redes sociais.
Algumas pessoas foram levadas para prestar depoimento na delegacia, dentre elas a mulher que seria “sorteada”. “Ela é de Natal e veio porque é garota de programa, essa é a atividade profissional dela. Ela disse que sempre veio para Juazeiro do Norte, mas se surpreendeu ao saber do sorteio. Ela foi embora porque não concorda com isso”, contou o inspetor.
Até o momento, nove pessoas já foram ouvidas, entre mulheres e frequentadores do estabelecimento. Segundo relatos, o lugar funciona também como casa de prostituição. A Polícia investiga o funcionamento do bar e busca os donos e promotores da festa.
De acordo com o inspetor, um advogado foi ao local, supostamente representando os proprietários, e disse que eles iriam se apresentar, mas, até a manhã desta sexta-feira (8), não foram identificados. No anúncio da festa, era apresentada a imagem de uma mulher seminua e mascarada, fotos de bebidas e das atrações musicais.
Repercussão
O promotor de Justiça de Barbalha, Francisco das Chagas da Silva, explicou que o sorteio é crime de favorecimento à prostituição e tem pena de 2 a 5 anos de reclusão. Se o local for uma casa de prostituição, também pode gerar pena de 2 a 5 anos. Realizar bingo é uma contravenção penal. Como as cartelas ainda não estavam sendo vendidas, não houve flagrante do crime.
A coordenadora Especial de Políticas Públicas para as Mulheres do Governo do Ceará, Camila Silveira, disse que o órgão foi acionado após o caso ser denunciado por movimentos feministas. Ela destaca que não há denúncias formais sobre atos do tipo, e a mobilização dos movimentos, reunindo áudios e publicações nas redes sociais, foi fundamental para a agilidade da ação de bloqueio.
Ela destacou que denúncias relacionadas à qualquer forma de exploração sexual podem ser feitas através dostelefones 190 ou 180.
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